APRESENTAÇÃO: Romance policial, escrito em 2010, segunda edição 2019.
Registrado sob nº 704.051
Capa por Natalia Duarte Chuka.
Autoria de Jucimara Aparecida da Cruz Ferraz.
Somos Todos
Não era possível aquilo estar acontecendo da maneira que se via; para Bacuara aquilo parecia o fim do mundo. Tudo parecia tão rotineiro e de repente, seu coração parecia que ia sair pela boca. Seus passos eram rápidos e incertos, queria voltar para trás, pois tinha um compromisso a cumprir, mas se voltasse a cena se repetiria diante de seus olhos e aquilo parecia-lhe horrível. Bacuara trazia em suas mãos um DVD da última filmagem que fizera sobre os hábitos de mulheres de classe baixa. Este serviço seria de alto valor e ele ficaria muito conhecido nas redes de TV do Brasil. Agora estava ali, tenso, com o seu trabalho guardado numa pasta de couro e suas esperanças tendo que esperar até a próxima oportunidade. Seu celular toca copiosamente, mas, Bacuara estava tão compenetrado em seus pensamentos que não se deu conta do chamado. A recado foi deixado na caixa de mensagem. Ainda era muito cedo então resolveu caminhar pelas ruas até o comércio local abrir e tomar um café, só então resolveria o que faria depois.
Abnara ainda sonolenta entrou meio que cambaleando no banheiro, só um bom banho quase frio poderia acordá-la definitivamente. A noite não foi uma das melhores, suas dívidas não a deixavam pregar os olhos muito cedo. Abigail sua irmã medonha não parava de pedir que saísse da pequena quitinete que sua mãe deixou de herança para quatro filhos. As ligações de Abigail eram sempre em momentos estranhos e sua comunicação verbal era infeliz pareciam duas estranhas. Abnara ouviu seu telefone tocar, resolveu não atender, afinal, estava se concentrando em seu banho milagroso e pelas horas,deveria ser a gentil Abigail. Ouvir Abigail às cinco horas da manhã era um castigo, será que ela não dorme?
Drº Zalman trabalhava na delegacia local, era um delegado muito respeitado, toda sua família era conhecida, porém, duas cidades de distancia dali, afinal, é muito perigoso à família de um delegado ficar a mercê de vingadores desequilibrados. Drº Zalman tinha 42 anos de idade, e fazia um trabalho perfeito tanto em investigações como em flagrantes. Sua equipe era muito unida, quando acontecia de aparecer um novo membro da equipe, que sentiam certas diferenças e apatias, logo era transferido ou entrava nos eixos, o que não poderia era desequilibrar a união.Em se tratar de corrupção, nem pensar, este assunto era abominável para Drº Zalman, não por que ele era perfeito ou gostaria que pensassem que o fosse, mas por que ele foi desafiado na academia de polícia. Drº Zalman era extremamente machista, foi uma delegada que o preparou para assumir o cargo, disse alto e em bom som: “Prestem bem atenção no que eu vou dizer, para cada 10 mulheres corruptas existem 1.000 de delegados corruptos, eu tenho honra de ser mulher, quando eu souber de notícias de delegados corruptos quero percorrer meus olhos em cada nome e saber se algum deles ouviu minha comunicação de hoje; tenho honra de ser mulher”. Naquele dia Zalman jurou que levaria sua honra incorruptível para o caixão, mas nenhuma mulher iria tripudiar sobre sua honra. A esposa do Drº Zalman jamais poderia trabalhar fora de sua casa, ela fazia bordados finíssimos, cuidava de seus dois filhos, fazia trabalho social para carentes e idosos, somente isto. Sua renda extra vinha dos bordados. Com esta renda ela poderia fazer algumas extravagâncias com seus filhos sem afetar o orçamento do marido. Drº Zalman só aceitou esta condição quando seu sogro conversou muito com ele, fez com que entendesse que a mulher não pode passar dias e dias sem fazer nada que lhe rendesse alguns trocados, senão isso faria dela uma mulher medonha, e se um dia DrºZalman viesse a reclamar do casamento por causa destes detalhes, o próprio sogro tiraria Serena e as crianças dali para outra cidade bem distante. Com medo de desestabilizar a sua tão querida família, Drº Zalman abriu mão e na verdade nunca se arrependeu disto. Ao contrário do que se pensava, ele mesmo vai até a capital com sua esposa, não somente para passear com ela, como para ajudá-la a escolher alguns materiais novos para seus trabalhos.
Já eram cinco horas e quinze minutos, Drº Zalman estava muito exausto naquele plantão. Nunca trabalhou tanto numa noite só. Terminaria seu plantão às sete horas então resolveu tomar um café fresquinho que sua escrivã acabara de preparar. Pensou em ligar para Serena, mas lembrou-se que ainda era muito cedo e não queria perturbá-la. Foi tomar seu café tranqüilo numa pequena sacada da Delegacia, as horas pareciam não passar, hoje ele quer conversar pessoalmente com escrivão Benegas e passar o plantão às claras.

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