segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

O NOME DE ALGUÉM (3)

Na semana passada ele esteve rapidamente na antessala do quarto do seu patrão onde ela mesma serviu-lhe um café com conhaque. Nunca conseguiu descobrir o nome daquele homem. Nem sabe se já atendeu algum telefonema dele para a casa, pois não tinha como ligar o nome à pessoa. Uma governanta jamais pergunta, só responde se viu, não se lembra, se lembra de somente para governar outros empregados. Ela só sabe dizer que desde a primeira vez que viu aquele homem, seu coração se encantou, o mundo parecia girar ao contrário, ele sorriu para ela algumas vezes. O dia que ele agradeceu o café com conhaque, tocou levemente seus dedos e piscou sem que seu amigo percebesse. É realmente o senhor Odair estava perdendo espaço para aquele homem.

O CENÁRIO CRUEL
Bacuara era um homem simpático, trinta e oito anos de idade, profissional liberal, foi casado uma vez, mas não se adaptou com a vida a dois. Precisava de tempo para desenvolver seus estudos e pesquisas sociais, uma companheira requer tempo e muita atenção.
Seus cabelos ruivos, leves sardas no rosto, 1m83cm de altura, olhos cor de mel, um homem que chamava atenção por onde passava, mas, era tão distraído que não percebia este detalhe na sua vida. Pelo seu esforço e dedicação no seu trabalho recebeu alguns prêmios, mas isto não era o que movia seu coração, Bacuara queria conhecer mais e mais o mundo ao seu redor. Quando convidado para festas, era o primeiro a chegar e quase o último a sair, afinal, em algum momento ele queria exercitar seu poder de sedução, nunca falhava. Excedia um pouco na bebida, mas tudo bem, as vezes é necessário para preencher o vazio de sua rotina. A noite passada foi uma destas noites de uma bebidinha, uma gatinha, mas teve que terminar cedo deveria entrar no trem das 6h30m, seu encontro com um filosofo renomado era muito importante, além de ficar mais conhecido pelas redes de TV, receberia um bom dinheiro pelo seu trabalho. Era assustador para um homem tão pacifico como ele, a sensação terrível que sentira naquela madrugada. Ver um homem morto banhado em sangue logo ao abrir a porta do apartamento, era fora do normal, e uma cena que não saia de sua cabeça. Quem seria aquele homem? O que haveria de ter acontecido? Será que não estava vivo e ele deixou de prestar socorro a um homem sufocando em sangue? Sua mente rodopiava e não se chegava a lugar algum. Era um misto de medo, terror, impotência e arrependimento, era terrível se sentir assim, mas isso já era uma característica de seu caráter, desde criança se omitia em assuntos contundentes com medo dos resultados, era introspectivo nestas circunstâncias. Depois de rodopiar pelos quarteirões, resolver tomar o trem, seguir adiante e tentar esquecer o que viu na saída do apartamento de sua nova amiguinha da festa da noite anterior.
Ele tinha esperança de ouvir algum comentário entre as pessoas dentro do coletivo, mas, nada, -“Será que ainda não encontraram o corpo? E Letícia, qual será a reação dela quando abrir a porta de seu apartamento e der de cara com um homem atirado ao chão banhado de sangue?”
Assim foi a viagem de Bacuara, tomou seu café quando chegou ao destino e finalmente pode se distrai com seus compromissos.
O telefone toca mais uma vez, Abnara sai do banho, refrescada prepara seu café, sua reunião só começaria daqui uma hora, dava tempo para um bom desjejum. O que incomodava era Abigail ligando periodicamente para crucificá-la por causa da quitinete. Resolveu atender ao telefone e aturar a chateação do dia.
_ Alô!
- Alô, Abnara é a Letícia, bom dia, desculpe acordá-la tão cedo.
- Oi Letícia, pensei que fosse Abigail de novo, mas com certeza ela ligará na seqüência. Você não me acordou, tenho uma pequena reunião daqui uma hora, qual é o problema, caiu da cama?


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