-Eu não roubei nada, só esbarrei numas garrafas por estar escuro e não fiz mais nada de errado, juro para o senhor.
- Eu não te conheço, como posso saber se é verdade isso? Saia já daí e fique de pé para falar comigo.
- Sim senhor. O jovem estava muito assustado. Não tinha como acalmar o senhor Odair que depois de muitas perguntas sem respostas, finalmente ele falou:
- Sou irmão da Dona Clara. Ela me pediu para sair daqui antes do amanhecer, mas eu acabei dormindo e perdi a hora.
- Clara, a Clarinha? Mentira, você nem se parece com ela seu cão mentiroso, vou chamar a policia e você vai ter que se explicar direitinho.
- Por favor senhor Odair, eu vou ficar no banheiro até o senhor conferir tudo para ver se falta alguma coisa, e se faltar, eu pago agora mesmo, caso eu tenha lhe dado algum prejuízo também pago agora mesmo.
Odair muito desconfiado telefonou para Clara para saber desta confusão.
- Por favor, Senhorita Clara, é Odair da mercearia, posso falar com ela um instante? Alo, Clara, eu preciso confirmar uma coisa contigo. Quando abri esta porta hoje, levei um baita de um susto, um rapaz no chão do banheiro, e disse que é seu irmão, é verdade isto?
- Bom dia senhor Odair, sim, é verdade, só ficou muito constrangida por que não era para ele estar mais ai. Seu funcionário se comprometeu em abrir a porta ainda no cair da manhã para ele ir embora.
- Mas Clarinha, por que você não me disse nada nem me consultou?
- Mil perdões senhor Odair, é que ele está de passagem pela cidade, chegou de surpresa, e o senhor sabe como é, minha casa é aqui, não tenho como hospedá-lo na mansão. Eu teria que explicar muitas coisas para a Dona Vália, principalmente o fato de ele ser moreno e bem diferente de mim.
- Vá trabalhar Clarinha, mas estou esperando uma conversa contigo ainda hoje. Tenha um bom dia.
Desligou o telefone, olhou nos olhos assustado do rapaz e disse:
- Muito bem, não sei seu nome ainda, e quero tomar um café com você, quero entender mais um pouquinho desta história louca.
- O senhor pode me chamar de Nico, me perdoe por assustá-lo tão cedo assim.
O senhor Odair ligou o rádio enquanto preparava o café e vendia os pães no balcão. A mercearia recebendo o movimento diário, e lá dentro não se falava em outro assunto:
- Quem será que morreu lá no Águas de Março?
- Não estou sabendo deste assunto. Morreu como?
- Foi encontrado morto perto do elevador, foi assassinado. A cabeça rachada ao meio, que horror!!!
- Ave Maria ! Quando foi que isto aconteceu?
- Dizem que foi nesta madrugada, mas não tem nenhum suspeito, ninguém viu nada. O assunto ferveu o dia inteiro. Dias depois a comunidade resolveu que era de máxima urgência descobrir logo quem matou aquele homem. Quem seria aquele homem?
ASSUNTO DE POLÍCIA
Drº Zalman estava sentado com dois de seus investigadores recebendo o relatório e a minuta da perícia técnica.
- Bem, o senhor sabe que o que temos ainda é pouco. O morto ainda não foi identificado, estamos aguardando ordem judicial para publicar o rosto dele em cartazes e colocá-lo na mídia.
- Sei, muito intrigante, o que mais temos?
- Sabemos que ele tinha resíduos de azeite de oliva e de farinha de trigo nas pontas dos dedos.
- O que mais descobrimos?
- Ele não tinha teor algum de bebida alcoólica no corpo, somente água. Nada nos bolsos para identificá-lo, recebemos do IIRGD a identificação pelas digitais limpas como sendo de um homem
chamado “CASPER BOLIVAR” natural de Cristais Paulista. Ainda estamos buscando mais sobre ele.
- Casper Bolivar, nome diferente, eu nunca conheci ninguém com este nome. Ainda estamos na estaca zero. Quero ouvir o depoimento de todas as pessoas daquele condomínio. Marque duas pessoas por dia e eu quero ouvi-las pessoalmente.
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