sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

O NOME DE ALGUÉM (2)

Dona Vália era uma senhora da sociedade de origem russa, veio para o Brasil em 1937. Apesar da distância, sempre que podia visitava a bela cidade russa chamada Smolensk é uma cidade industrial, principalmente nos ramos eletrônico, têxtil e alimentício. Até 1939 a cidade pertenceu à Bielorrússia. Vem daí a pequena fortuna da jovem senhora de 73 anos de idade. Seu marido vive em uma cadeira de rodas, seus dois filhos sempre foram umas novelas para ela. Vladimir e Vonda. Quando um filho termina com problemas a respeito de mulheres e bebidas o outro filho começa tudo de novo. Quando este termina o outro inicia outros problemas como os de viagens intermináveis e gastos desenfreados do dinheiro suado da família. Quando este filho termina com este problema, o outro inicia e assim se
vai. A diferença de idade entre os dois era de dois anos. Porém, marcante para Dona Vália é que quando um filho resolvia trabalhar serio e firme nos negócios da família, o outro também, parecia que um controlava o outro. Apesar desta situação inusitada, ambos eram amigos e confidentes um do outro; tinham mais amigos, uns amigos em comum, outros eram estranhos entre ambos, mas tinham defeitos que lhes caiam como vértices de um ângulo moral.
Dona Vália já estava de pé às cinco horas e trinta minutos, tinha que se preparar para um forte desjejum, um banho de sais, o dia seria longo pela frente. Tinha que deixar tudo muito bem ajustado em sua rotina tinha que partir às nove horas rumo Smolensk e estar de volta em sete dias. Sua viagem estava programada para assinar papéis de suma importância para as vendas de uma de suas pequenas indústrias têxteis. Seu marido passaria por uma cirurgia muito delicada dentro de vinte dias e este assunto tinha que ser finalizado logo. Dona Vália era sua procuradora, tinha que cumprir com suas metas o mais impecável possível. Dona Vália sofria de um mal que a acompanhava por toda sua vida. Era asmática. Ficar nervosa era proibido para ela, então, dona Vália desenvolveu métodos de controle de seu humor através da natação, música calma, controle das situações, tudo o que seus filhos faziam era parte do seu bem estar, afinal, ela teve alegria de ter seus dois belíssimos filhos, e depois seu marido se tornou impotente por causa do derrame. A vida foi muito boa para ela, ela queria mais é curtir a cada momento.
Odair era um senhor muito simpático, dono da venda a duas esquinas da delegacia. Esta venda não tinha grandes significados até aquela manhã. Mas, o senhor Odair era um português muito brincalhão, bonachão por causa de sua enorme barriga e seu velho habito de tomar chopes. Não fechava a venda antes de tomar uns três copos de chopes. Em dias de festa tomava chope escuro só para mostrar a todos que era um dia especial. Ele era viúvo, vivia de namoricos com a governanta de Dona Vália. O único problema é que Dona Clara tinha vergonha do jeito bonachão do senhor Odair, e jamais saia para passear com ele na cidade, só na cidade vizinha. Nunca permitiu que o mesmo avançasse o sinal, afinal, ela não era uma mulher desfrutável e guardava em si seus preceitos de uma família cristã. Depois que ela ficou viúva, jurou para Deus que só se casaria de novo quando recebesse a confirmação do céu quem seria o homem correto, senão, ela morreria viúva.Dona Clara tinha 37 anos de idade e uma educação notável, falava fluentemente três línguas além da sua origem, artista plástica, dançava valsa como uma garça, foi contratada por dona Vália por indicação de uma amiga da sociedade que havia recebido aulas de boas etiquetas com Clara. Odair jura que ele é o tal homem indicado por Deus, ela que não quer ver o que está diante dela. Na verdade, dona Clara não tinha certeza de seus sentimentos com relação a Odair, seu coração batia mesmo era por um homem que ela nunca soube o nome, mas que por diversas vezes viu o mesmo visitando seus patrões. Um dia foi no café da manhã, outro dia foi durante um almoço, mais dois dias no chá da tarde.


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