quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O NOME DE ALGUÉM (4)

- Não, eu preciso de um favorzinho seu, você poderia me emprestar seu carro depois da reunião? Preciso fazer umas compras para a loja, é um dia de preços ótimos, estive vendo a pouco pela Internet. Meu carro só sai da revisão amanhã. Amanhã é tarde demais.
- Olha, vamos fazer assim, passo no seu apartamento daqui a pouco, pego você, você me deixa no prédio e leva o carro. Mas, traga-o de volta às 16 horas, eu tenho que ajustar algumas coisas mais tarde.
- Então vou tomar um banho rápido e tomo café depois; obrigada amiga.
Mal desligou o telefone, chegou outra ligação.
- Alô!
- Abnara, bom dia, já de pé?
- Sim Abigail, dormi ao lado do telefone esperando você telefonar. Você demorou muito, o que houve?
- Muito sem graça você. E então, o que você resolveu sobre o apartamento, precisa entregá-lo ao novo proprietário. Já estou sem cara para dar desculpas para ele. Ele me telefona todos os dias.
- Eu sei Abigail, só que eu preciso de mais um tempo. Se o apartamento pertence aos quatro irmãos por que só você me pressiona para sair?
- Já conversamos mil vezes sobre isto.
- E nas mil vezes André e Ícaro não me cobraram nada, não me procuraram para nada, as partes tem que ser dividas por igual.
- Mas você vai receber sua parte...
-Me dê mais uns dias, onde vou morar, na rua?
-Quantos dias?
- Uns.
_ Ligo para você amanhã.
Quando Abnara estava abrindo a porta para sair, toca o telefone de novo.
_ Abigail, tenho que sair, amanhã...
- Abnara, me ajude!
- Letícia, o que foi? Já estou saindo, espere um pouco.
- Abnara, me ajude... (e chorava copiosamente).
O desespero de Letícia deixou Abnara desconcentrada, nervosa, largou tudo e saiu correndo. O que poderia ter havido com Letícia? Imaginou milhões de situações e finalmente chegou ao apartamento. O que poderia ter acontecido? Carro de polícia, ambulância, rádio local. Sua preocupação aumentou muito. Tentou passar pelo cerco, Drº Zalman impediu pessoalmente. Ela argumentou, disse que sua amiga ligou para ela chorando e desesperada, ela precisava subir. A situação ficou muito difícil, Abnara ligou para o celular de Letícia e avisou que estava na rua, a polícia não deixava ninguém subir, Letícia confirmou que ninguém poderia sair, um homem foi encontrado morto no corredor do seu andar.
O silêncio rompeu o desespero de ambas.
Drº Zalman estava nervoso, já no final de seu plantão e mais esta situação. Não poderia ir embora e deixar tudo nas mãos de Benegas. Isolar a área, esperar a polícia técnica, controlar os repórteres era estressante. Principalmente para quem não dormiu a noite toda aguentando bêbados, mulheres espancadas por seus maridos, roubo de residência, a situação estava terrível. Parece que todos os crimes foram cometidos somente em uma única noite. Quem era aquele homem e como aquilo tinha acontecido?
O quarteirão se fechou de pessoas curiosas, ninguém conhecia aquele homem no prédio. De onde vinha à ligação informando sobre o ocorrido? Eram as primeiras perguntas de Drº Zalman. Para Letícia o dia estava perdido, para Abnara, tinha que começar de qualquer maneira. A notícia já estava em primeira mão na rádio local, o repórter não poupou uma discrição sensacionalista. Dona Vália ficou aterrada com o fato. Que seria aquele homem encontrado em situação tão desgraçada? O prédio que ele foi encontrado era de boa reputação, pessoas de alta categoria. Na mesma hora Dona Vália foi até os quartos verificar se estava tudo bem com Vonda e Vladimir. Ela batia levemente em seu tórax para lembrar do controle com asma, sabia que poderia prejudicar muito uma crise naquele momento. Tudo calmo, um já estava de pé tomando banho, outro ainda roncava o sono dos anjos. Que pesadelo, coitado daquele homem. Dona Vália pediu para Clara que acompanhar aquele assunto, quando ela voltasse de viagem, queria saber se conhecia ou não aquele homem. Não queria pensar mais nisto durante o tempo da viagem. Clara ficou atenta ao assunto, apesar de não ter nada haver com ela. Para ela isto era com a polícia, e não conseguiu entender porque o interesse de Dona Vália naquele caso terrível.

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